Ah, se a vida viesse com um manual de instruções…
Quem nunca quis um dia claro, sem contradições,
com páginas dizendo o que fazer,
quando o peito aperta, sem a gente entender?
Se houvesse um aviso antes da queda,
um alerta para promessas incertas.
Um rodapé explicando os porquês que nos assombram.
Talvez houvesse um capítulo sobre recomeços,
ensinando a juntar cacos sem medo.
Ou uma tabela com fórmulas prontas
para calcular o peso das escolhas tortas.
Mas a vida não tem índice, nem legenda,
é um livro que se escreve enquanto se anda.
Às vezes, vírgulas viram pontos finais,
e capítulos inteiros mudam sem aviso,
sem tempo para ensaios, sem previsão no rodapé.
E talvez seja exatamente por isso.
Porque a vida não foi feita para ser lida,
foi feita para ser sentida.
Porque se houvesse um manual,
a gente seguiria as regras,
mas nunca aprenderia com os erros,
nunca sentiria o arrepio do incerto,
o frio na barriga antes de um grande passo,
a esperança que nasce em meio ao caos,
o inesperado de um acaso que chega e muda tudo.
E no fim… talvez a graça da vida
esteja no fato de que ela nunca quis ser explicada,
só vivida.
Porque viver é desvendar com o coração o que não se entende.
É perder-se para encontrar-se.
É seguir com coragem, mesmo sem direções,
e no meio do caminho, perceber:
A vida não precisa de um manual.
Ela já sabe exatamente para onde nos levar.