O dia se curva aos caprichos do vento
que dribla destinos, paixões, fantasia.
A noite se entrega às angúrias do tempo
e eu prendo o momento, escrevendo poesia.
Eu mesclo minha alma com águas da fonte,
procuro entender os mistérios do olhar.
No abraço de rimas contemplo o horizonte
e enlaço alguns sonhos que dançam sem par.
Espalho a esperança, reabrindo a janela.
Transponho nos versos memórias esparsas,
no grato silêncio de ser sentinela ou
nos sentimentos que clamam por asas.
Nas linhas eu mostro a verdade refeita,
mesclando certeza com dúbias apostas.
Na página em branco há um medo à espreita
que soma perguntas em vez de respostas.
Em meio aos enlevos de antigas miragens,
as portas se fecham na noite do ser.
Mas nelas prevejo futuras passagens,
atentas ao que eu ainda hei de escrever.