Era só um dia entediante numa cidade pequena.
Férias no interior, o cheiro de café vindo da cozinha do meu avô, o tempo passando devagar.
Até que eu encontrei um quarto.
Um desses cômodos esquecidos da casa,
onde ninguém mais entra, onde tudo é guardado sem ordem…
e onde, sem saber, eu encontrei um tesouro.
Ali, no silêncio empoeirado, estavam eles: livros!
Muitos livros!
Empilhados, esquecidos, com páginas amareladas pelo tempo e histórias
esperando por alguém que as escutasse de novo.
Naquele instante, o tédio se desfez.
Porque, ao abrir o primeiro livro, eu também abri uma porta.
Uma porta para outros mundos, outros tempos, outros jeitos de existir.
E nunca mais fui a mesma.
Desde então, os livros se tornaram a minha companhia.
Me ensinaram a sonhar, a entender o que sinto, a me perder e me encontrar.
Foram meus amigos nas tardes longas, meus conselhos nos momentos difíceis,
minha ponte com tudo aquilo que o mundo, às vezes, não conseguia me dar.
Eles me fizeram crescer.
Me deram palavras quando eu só tinha silêncios.
E até hoje, mesmo depois de tantos anos, os livros continuam sendo abrigo, refúgio e casa.
Talvez, naquela tarde do interior, eu não tenha encontrado os livros.
Foram eles que me encontraram.