Há quem encontre abrigo em paredes de concreto, em promessas, em rotas previsíveis. Eu encontro nos livros. Nas páginas amareladas que guardam silêncios que gritam, e gritos que sussurram. Nas palavras que escorrem de alguém que nunca vi, mas que parece saber exatamente onde me dói e onde me salvo.
Ler é esse ato íntimo de atravessar mundos sem sair do lugar. De morar por instantes em outras vidas. De pegar emprestado o olhar de alguém e ver o mundo por outra janela. É mais que passatempo: é passavida. É respiro quando tudo sufoca. É farol quando tudo escurece.
E escrever… escrever é o meu modo de existir com mais verdade. Quando o corpo não dá conta do que sinto, a mão escreve. Quando não encontro alguém que me entenda, o papel me ouve. Escrevo para lembrar quem sou. Para não esquecer do que fui. Para sonhar o que ainda posso ser.
As palavras têm peso e têm asas. São pontes, bússolas, esconderijos. E quem ama os livros, quem escreve com o coração aberto, carrega o mundo por dentro com todas as suas dores e delícias, vírgulas e pontos finais.
Talvez por isso, viver com paixão pelos livros e pela escrita seja, no fundo, uma forma de não deixar a alma morrer sufocada na pressa dos dias. É a leveza e a profundidade caminhando lado a lado. É onde as palavras respiram. E, com elas, eu também.
