Quando você está inteiro,
o mundo muda de som.
A água não só molha —
ela dança nos seus dedos.
O cheiro do café parece contar histórias
que você nem sabia que lembrava.
Quando você está inteiro,
o tempo desacelera.
O pão quentinho vira poema,
a luz da manhã toca a pele
como quem abençoa.
O canto dos pássaros
não é mais ruído de fundo —
é música.
E você começa a ouvir coisas
que antes passavam despercebidas,
como se a vida sussurrasse respostas
nas pausas.
A vida sempre foi assim —
mas você não estava.
Estava no depois, no se, no talvez.
Na pressa.
Na lista de afazeres.
No futuro.
No piloto automático.
Mas quando você volta à essência —
quando pousa no agora —
tudo tem mais cor,
mais gosto,
mais alma.
O barulho do mundo fica distante,
e o que sobra
é o que sempre esteve:
presença,
respiro,
vida.
É aí que mora o sagrado.
Não nas grandes conquistas,
mas no instante que você decide viver
como se ele fosse
tudo o que existe.
Porque é.