Eu flutuaria por aí sem o peso das coisas urgentes.
O café da manhã seria leve como pluma, e as responsabilidades escorreriam pelas pontas dos dedos, como se o tempo fosse um balão cheio demais para segurar.
Meus pés nem tocariam o chão; seria fácil esquecer que ele está ali, como uma promessa que ninguém mais precisa cumprir.
As decisões – ah, essas! – seriam tão suaves que se espalhariam no ar, sem necessidade de certezas. Um “deixa pra lá” ecoando como música.
Eu dançaria ao menor sopro, girando como pétala ao vento, livre de medos e listas de afazeres.
A ansiedade? Uma nuvem distante.
E eu? Apenas uma silhueta etérea, indo e vindo, brincando de existir sem a âncora das expectativas.
Com menos gravidade, eu abraçaria quem amo e deixaria que o abraço durasse tanto quanto o ar suportasse.
O amor flutuaria comigo, sem amarras, leve e intenso na medida exata da brisa.
E talvez, quem sabe, eu voaria de verdade. Não pelo desejo de chegar, mas pelo simples prazer de não cair.