A gente passa,
mas nunca passa em vão.
Deixa um rastro invisível,
uma semente no silêncio,
um pedaço da gente
onde o coração tocou.
Às vezes, é só um sorriso,
uma escuta atenta,
um abraço que segurou alguém
no instante exato antes da queda.
Pequeno para nós,
imenso para quem recebeu.
Às vezes, é o que dizemos—
palavras que parecem vento,
mas criam raízes onde menos esperamos.
Uma frase dita sem pretensão,
mas que acende luz onde havia escuridão.
Um “vai ficar tudo bem”
que sustentou alguém num dia difícil,
ou um “senti sua falta”
que fez um coração se sentir casa.
Nem sempre veremos o que cresce,
nem sempre saberemos onde florescemos.
Mas é assim que o tempo trabalha,
transformando gesto em raiz,
palavra em abrigo,
presença em fruto.
Porque existir é semear.
E no fim, não é sobre o que levamos,
mas sobre o que deixamos.
Porque mais cedo ou mais tarde,
o que foi sopro vira brisa,
o que foi raiz vira sombra,
o que foi semente
se transforma em caminho
e nos encontra outra vez.