No topo o morro, meu olhar se demora na exuberância da mata, um cenário que se assemelha a eternidade.
Sou como um ser humano, percebo-me como um observador silencioso do espetáculo da vida.
Ao amanhecer, os ipês amarelos desabrocham na primavera, como a infância.
Seus espíritos brilham como o sol, irradiando um sorriso puro e simples que contagia, alegria que se propaga como um eco.
Cada descoberta é um novo começo, assim como os anéis de uma árvore que contam histórias de um tempo que se desdobra.
Na manhã seguinte, os ipês rosas ecoam juventude.
A seiva flui fervorosamente como o sangue pulsante em nossas veias.
Os anos passam e os anéis da árvore revelam memórias, delicadamente gravadas na madeira, nos inspiram a sorrir e dançar.
À tarde, os ipês roxos trazem consigo a maturidade que se harmoniza com o tempo.
Sua seiva flui tal como as experiências vividas, medos e virtudes, seus anéis guardam segredos profundos.
Mistérios da vida são revelados assim como as cores do outono, trazendo alegria pela jornada percorrida – uma dança de choro, risos e conquistas.
Ao anoitecer, o ipê branco se erige, simboliza o encontro com o divino.
A mata adormece enquanto o ciclo perpétua.
Assim como os ipês brancos rivalizamos com a luz da lua ao brilhar sob a chuva.
Os anéis dos troncos das árvores, como portais mágicos, nos fazem lembrar que cada período do dia é uma passagem.
E cada estágio da vida se desvela como um presente, uma narrativa eternamente gravada no coração da natureza, uma celebração contínua da vida.