Sou crepúsculo…
Eu não tenho brilho nem mesmo carinho.
O Sol se afastou e procura outro lar.
Mas sei que as estrelas estão a caminho.
Será que demoram? O jeito é esperar.
Eu sou transição, meio tom, incerteza.
Nem dia nem noite, nem claro ou escuro.
Luz tênue que aos poucos revive a beleza:
mesclar o passado com livre futuro.
A tarde despede-se em mim sem alarde.
Para onde ela vai não há como saber.
Em sua intenção tinjo o céu de saudade,
recolho as histórias, aprendo a só ser.
O tempo comprova que tudo é passagem.
Se a vida é finita o que importa é o agora.
Crepúsculo eu sou, transitória miragem.
Nostálgico, sei que também vou embora.
Tão próxima noite no fim desse dia.
Sozinha eu estou… Desisti de um império.
Então eu acolho, na prece, Maria.
Momento de paz, insondável mistério…